quinta-feira, 31 de maio de 2007
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Inovações Tecnólogicas
Pesquisa de Inovação Tecnológica 2005
Número de empresas que investiram em inovações tecnológicas aumentou em todo o país
Em 2005, 32,8 mil empresas fizeram inovação tecnológica em produto ou processo. Deste total, 30.377 são industriais e 2.418 de serviços de alta intensidade tecnológica (telecomunicações, informática e pesquisa e desenvolvimento), que pela primeira vez foram investigados pela Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec 2005). São Paulo reúne 35,3% das empresas industriais inovadoras e, ainda, do total do gasto industrial em inovação em todo o país, mais da metade (55,6%) foi efetuado pelas empresas paulistas. Realizada em parceria com a FINEP, do Ministério da Ciência e Tecnologia, a pesquisa do IBGE mostra ainda que, de 2003 (último ano em que a pesquisa foi publicada) a 2005, o número de empresa inovadoras na indústria passou de 28.036 para 30.377, um aumento de 8,4%, mas manteve-se constante a participação delas no total das empresas industriais (33,4%). Nas Telecomunicações, 45,9% de suas empresas inovaram e na Informática este percentual foi de 57,6%. Além disso, houve aumento da parcela do faturamento das empresas industriais gasta com inovações: de 2,5% em 2003 para 2,8% em 2005. Segundo a Pintec 2005, os principais obstáculos para inovação apontados pelos empresários são: os elevados custos, riscos econômicos excessivos e escassez de fontes de financiamento.
Em meio a uma rápida evolução tecnológica e com universos de empresas com 10 ou mais pessoas ocupadas, menores e mais homogêneos que o da indústria, desenvolveram produto e/ou processo novo ou aprimorado 45,9% das 393 empresas de telecomunicações e 57,6% das 3,8 mil de informática. No serviço de pesquisa e desenvolvimento, 97,6% das 42 instituições com 10 ou mais pessoas inovaram em produto ou processo. Se a este conjunto adicionarmos aquelas que só desenvolveram projetos entre 2003 e 2005, a taxa de inovação deste setor atinge 100%1.
Das 33 atividades industriais observadas nos períodos 2001-2003 e 2003-2005, nada menos do que 21 obtiveram aumento nas taxas de inovação. Mas isso não impediu que a taxas de inovação da indústria nos dois triênios, 33,3% e 33,4%, respectivamente, ficasse praticamente no mesmo patamar. O movimento setorial que determinou a estabilidade na média nacional está, justamente, no conjunto das atividades que se retraíram, a maioria constituída pelas que concentram forte presença de empresas de menor porte (10 a 49 empregados)2. Este é o segmento que mais influi na média nacional, por representar 79,4% do universo pesquisado. Os motivos alegados para não investir foram os custos elevados e as condições de mercado. Como pode ser observado na tabela 2, à exceção das empresas deste segmento, houve crescimento das taxas de inovação em todas as outras faixas de tamanho, e uma elevação generalizada das taxas de inovação de produtos e de processos novos para o mercado nacional.
O setor em que a empresa atua tem um papel importante no processo de inovação. Nos de maior conteúdo tecnológico, surgem mais oportunidades de inovações individuais e coletivas, enquanto nos de baixo conteúdo elas se mostram limitadas, embora também existam. Em termos setoriais, (ver Tabela 3) os melhores resultados foram na área de P&D (97,6%), onde inovação é fator inerente à atividade. Em seguida vem o de software (77,9%), que tem produtos com ciclos de vida mais curtos. Outras atividades de informática e serviços relacionados (49,6%), bem como telecomunicações (45,9%), têm níveis similares a alguns setores industriais de média-alta intensidade. De acordo com a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que classifica o grau de intensidade tecnológica da indústria de transformação em alta, média-alta, média-baixa e baixa intensidade tecnológica3, pode-se afirmar que, de 2003 para 2005, as nove atividades com os maiores índices de inovação estavam, predominantemente, nas duas primeiras categorias4. As principais são: automóveis, camionetas, utilitários, caminhões e ônibus (71,1%); máquinas de escritório e equipamentos de informática (69,2%); equipamentos de instrumentação médico-hospitalar, instrumentos de precisão e óticos, equipamento para automação industrial, cronômetros e relógios (68,0%); refino de petróleo (62,4%); material eletrônico básico (58,7%); aparelhos e equipamentos de comunicação (55,2%); produtos farmacêuticos (52,4%); celulose e outras pastas (51,7%); e, finalmente, metalurgia de metais não-ferrosos e fundição (50,2%).
Empresas de médio porte inovaram mais
As empresas industriais de médio porte (100 a 499 empregados) tiveram os aumentos mais significativos nas taxas de inovação entre os dois triênios (2001-2003 e 2003-2005). As taxas continuaram crescentes, segundo o tamanho das empresas, variando, no caso da taxa de inovação geral, de 28,9% para as de 10 a 49 empregados, a 79,2% (500 pessoas ou mais). A correlação entre tamanho e taxa de inovação, tão elevada nas empresas industriais, mostrou-se ligeiramente inferior nas de telecomunicações e informática, não sendo observada nas de P&D.
Esforço inovativo é maior nas Telecomunicações, Informática e P&D
O esforço inovativo é medido pela participação dos gastos com inovação na receita. Conforme mostra a tabela 3, os serviços de pesquisa e desenvolvimento, com nível de 68,9%, de informática (5,9%) e de telecomunicações (3,3%), realizaram esforços inovativos mais intensos do que a indústria (2,8%), em 2005.
Analisando os esforços inovativos feitos em cada atividade, percebe-se que o setor de pesquisa e desenvolvimento é o que mais gasta com atividades internas de P&D – 63,07% do total de recursos efetivamente disponíveis em 20055 - numa proporção elevadíssima face aos outros setores e também às suas outras atividades inovativas (5,80%).
Na informática, as atividades internas de P&D (2,33%), a aquisição de máquinas e equipamentos (1,27%) e o treinamento (0,69%), respondem pelas três maiores parcelas dos gastos com inovação no total da receita líquida de vendas. No setor de telecomunicações, os maiores percentuais de gasto no total do faturamento são com aquisição de software (0,90%), de máquinas e equipamentos (0,76%), bem como com a propaganda de lançamento das inovações no mercado (0,72%).
O traço marcante da indústria brasileira é a alta participação da aquisição de máquinas e equipamentos (1,34%) na estrutura dos gastos realizados com inovações. Atividades internas de P&D assinala a segunda maior relação gasto sobre receita (0,57%), vindo a seguir projeto industrial (0,36%).
O gasto das empresas com inovação aumentou na maioria dos setores industriais
Como inovação sempre envolve riscos, expectativas mais favoráveis sobre o crescimento da economia doméstica e internacional influenciam positivamente as estratégias inovativas e, portanto, os investimentos em atividades desenvolvidas para inovar. Os resultados no Gráfico 2 evidenciam essa assertiva.
As empresas industriais gastaram uma parcela maior de sua receita líquida com inovações em 2005 (2,8%). Em 2003, ela era equivalente a 2,5%.. Houve também crescimento generalizado da participação dos gastos com atividades inovativas no total da receita.
Em termos setoriais, os dados constantes da tabela 3 mostram que, na comparação com 2003, 24 das 33 atividades industriais pesquisadas ampliaram a intensidade do esforço inovativo. No conjunto das sete atividades com relação gastos totais sobre receita acima de 4,0%, apenas outros equipamentos de transporte (6,1%) registrou queda. Com crescimento constam: automóveis, camionetas e utilitários, caminhões e ônibus (5,6%); aparelhos e equipamentos de comunicações (5,5%); equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, instrumentos de precisão e ópticos, equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios (5,3%); celulose e outras pastas (5,1%); produtos farmacêuticos (4,2%); e máquinas e equipamentos (4,1%).
Quanto a despesas nas atividades internas de P&D sobre a receita, frente a 2003 observa-se crescimento dessa proporção em 17 atividades industriais. Das seis que ostentaram as frações mais elevadas, acima de 1,0%, somente equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, instrumentos de precisão e ópticos, equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios (2,26%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (1,29%) aumentaram seus esforços. As outras quatro são: outros equipamentos de transporte (3,22%), mantendo a primeira posição; automóveis, camionetas e utilitários, caminhões e ônibus (1,84%); máquinas para escritório e equipamentos de informática (1,48%); e aparelhos e equipamentos de comunicações (1,12%), todos com intensidade tecnológica alta ou média-alta, confirmando a importância de P&D na dinâmica competitiva desses setores.
Número de empresas industriais inovadoras com atividades internas de P&D apresentou leve aumento
No universo de empresas inovadoras, realizaram dispêndio nas atividades internas de P&D, em 2005, cerca de 66 empresas de telecomunicações; 1,0 mil empresas de informática; 41 instituições de pesquisa e desenvolvimento; e 5,0 mil empresas industriais, o que significa um leve avanço com relação ao observado (4,9 mil) em 2003. Trazendo detalhes sobre a distribuição destas empresas segundo a natureza de suas atividades de P&D, a Tabela 4 revela que a maioria o fazia de forma contínua, e que estas atividades foram responsáveis por mais de 85% dos dispêndios em P&D6 .
Indústria ampliou emprego em P&D e Informática e Telecomunicações empregaram mais nível superior
Com relação às pessoas ocupadas em atividades internas de P&D, a Pintec contabilizou cerca de 3,7 mil pessoas nas empresas de telecomunicações; 14,7 mil nas empresas de informática; 23,5 mil nas instituições de pesquisa e desenvolvimento; e 58,4 mil pessoas nas empresas industriais, montante 12,5% superior ao apurado em 2003.
No recorte por nível de qualificação, o Gráfico 3 mostra que os setores de informática (77,8%) e de telecomunicações (74,7%) empregaram as maiores cotas de pessoas de nível superior, especialmente graduadas, no total das pessoas ocupadas em P&D, em equivalência à dedicação plena7. Já no setor de P&D esta proporção foi a mais baixa (48,5%), mesmo contando com o mais elevado percentual de pós-graduados. Isto ocorre porque, se nos outros setores a atividade interna de P&D constitui uma atividade auxiliar à atividade principal da empresa, cujo desenvolvimento se dá em departamentos formais ou junto a outros departamentos da empresa, no setor de pesquisa e desenvolvimento, além de ser a principal, em muitos casos ela corresponde à empresa como um todo. Nestes casos, as pessoas ocupadas em P&D dizem respeito ao total de pessoas ocupadas na empresa, contingente bem mais heterogêneo, em termos de nível de qualificação do que o investigado nos outros setores.
Na indústria, vale ressaltar que em 2003 os pós-graduados e graduados somavam 21,8 mil, num total de 38,5 mil pessoas em equivalência à dedicação plena. Em 2005, das 47,6 mil pessoas ocupadas em P&D, cerca de 27,6 mil eram de nível superior. Além de representar crescimento no período, esse contingente de pessoas ocupadas na indústria supera o do conjunto dos três serviços – cerca de 21,8 mil com nível superior, num total de 36,3 mil pessoas em equivalência à dedicação plena.
Aumentou o número de empresas com práticas cooperativas com outras organizações
As fontes de informação que a empresa pode utilizar no processo inovativo são variadas e a escolha destas fontes depende da estratégia de inovação implementada e da capacidade das empresas de absorver e combinar tais informações. No setor de P&D, cujas fontes mais valorizadas se distinguem bastante daquelas assinaladas pelos demais setores, aparece em primeiro lugar a própria pesquisa desenvolvida internamente (92,7%), seguida pelas realizadas em universidades e institutos de pesquisa (90,2%) e através de redes de informações informatizadas ou publicações especializadas, conferências e encontros (ambos com 85,4%).
Também chama a atenção, a semelhança na ordem de importância entre as fontes de idéias mais utilizadas pelas empresas de telecomunicações e de informática. As inovações geradas nestes setores resultam, sobretudo, do uso de informações absorvidas através da Internet, do conhecimento obtido a partir de suas relações comerciais com clientes e fornecedores, e da própria experiência das empresas.
Na indústria, elas permanecem sendo as áreas internas à empresa (64,6%), fornecedores (63,8%), clientes ou consumidores (60,9%) e feiras e exposições (58,3%). Mas os maiores crescimentos relativos, frente a 2003, aconteceram em aquisições de licenças, patentes e know-how (de 2,9% para 5,9%); universidades e institutos de pesquisa (de 8,4% para 12,0%); instituições de testes, ensaios e certificações (de 11,8% para 16,0%); Internet (de 46,0% para 56,8%) e centros de capacitação profissional (de 12,6% para 15,5%). Estes dados sugerem que, para desenvolverem e implementarem inovações, as empresas industriais combinaram informações de uma variedade maior de fontes, e as ampliaram principalmente no sentido dos centros educacionais e de pesquisa, bem como da aquisição de licenças, patentes e know-how.Uma maior interação entre as empresas e os demais atores do sistema nacional de inovação pode ser percebida também nos resultados sobre as relações de cooperação estabelecidas nos projetos de inovação com outras empresas ou instituições.
Entre os anos de 2001-2003, cerca de 1,0 mil empresas industriais estiveram envolvidas em arranjos cooperativos para inovar em produto e ou processo. Confirmando a direção apontada na questão que trata do principal responsável pelo desenvolvimento da inovação, nos anos 2003-2005, o número de empresas com práticas cooperativas com outras organizações subiu para cerca de 2,2 mil.
Em relação ao conjunto de empresas inovadoras, de 2003 a 2005, o percentual com práticas cooperativas com outras organizações passou de 3,8% para 7,2%.
As empresas inovadoras de P&D foram as que mais receberam apoio do governo
No total das empresas inovadoras, a proporção daquelas que receberam apoio do governo, por tipo de programa e por faixa de pessoal ocupado destacaram-se os serviços de P&D, que ostentaram a mais elevada proporção (90,2%) entre os setores pesquisados. Outra evidência, também geral, é que as empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas – com 40,9% na indústria; 16,7% nas telecomunicações; 25,1% na informática e 100% na P&D – foram as maiores beneficiárias dos programas governamentais. Os financiamentos à compra de máquinas e equipamentos destacaram-se como o tipo de programa mais utilizado pelas empresas inovadoras, e a Lei de P&D como o de menor uso.
Maiores obstáculos à inovação foram de natureza econômica
A pesquisa mostra ainda que, em 2005, os elevados custos, riscos econômicos excessivos e escassez de fontes de financiamento foram os principais obstáculos que as empresas encontraram no desenvolvimento de suas atividades inovativas. Dentre as 180 empresas inovadoras do setor de telecomunicações, 67,8% reportaram a existência de problemas e obstáculos à inovação. No setor de informática, esse resultado foi mais reduzido (43,9% de 2,2 mil empresas), ao passo que entre as 41 instituições de P&D chegou a 75,6%.
No setor industrial 34,3% das 30,4 mil empresas inovadoras afirmaram terem enfrentado problemas e os elevados custos da inovação (76,8%) continuam sendo os mais significativos, vindo a seguir riscos econômicos excessivos (74,7%) e escassez de fontes de financiamento (58,6%), todos eles problemas de natureza econômica.
A exemplo do verificado na indústria, nos serviços de informática e de P&D, também predominaram os obstáculos de natureza econômica, no grupo de fatores com freqüência acima de 50,0%. Já no setor de telecomunicações, os obstáculos mais importantes são de natureza interna à empresa como: a falta de pessoal qualificado (60,3%) e a dificuldade para se adequar a padrões, normas e regulamentações (51,2%). Os elevados custos da inovação (52,1%) completam o conjunto de fatores mais importantes, neste setor.
Com relação aos motivos para não inovar, entre as 1,5 mil empresas de informática que não inovaram, 59,9% justificaram as condições de mercado. Esta também continuou sendo a principal razão apontada pela maioria (70,1%) das 58,6 mil empresas industriais que não inovaram em produto e processo. Já nas telecomunicações, 50,3% das 200 empresas que não inovaram em produto e processo, apontou outros problemas, notadamente, os custos, os riscos e a escassez de fontes adequadas de financiamento.
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1As características peculiares do setor de P&D podem ser assim resumidas. No Brasil ele é composto por instituições da administração pública e, sobretudo, por entidades sem fins lucrativos e empresariais, com função primordial de realizar pesquisa básica, aplicada ou desenvolvimento experimental. Grande parte destas instituições produzem serviços especializados em conhecimento intensivo, direcionados, principalmente, para as áreas de energia, agricultura, medicamentos e tecnologias da informação e comunicação, e atuam para o governo e para o setor privado, através de contratos com cláusula de confidencialidade. A metodologia empregada para o levantamento do setor está descrita nas Notas Técnicas que acompanham a publicação.
2Das 12 atividades que diminuíram o ritmo inovativo, nove concentram 64% das empresas inovadoras de 10 a 49 pessoas: vestuário e acessórios; produtos alimentares; produtos do metal; máquinas e equipamentos; artigos do mobiliário; artigos de borracha e plástico; produtos da madeira; têxtil e produtos diversos.
3Das 32 atividades levantadas pela Pintec 2005 pertencentes à indústria de transformação, quatro são de alta intensidade, sete de média-alta intensidade, onze de média-baixa intensidade e outras dez de baixa intensidade tecnológica.
4As exceções são refino de petróleo, celulose e outras pastas e metalurgia de metais não-ferrosos e fundição, setores de média-baixa intensidade tecnológica.
5Em razão de suas características, o conceito de receita líquida de vendas foi substituído neste setor pelo de total de recursos efetivamente disponíveis em 2005, que inclui receitas orçamentárias, de convênios e transferências, e também receita líquida de vendas de produtos e serviços.
6A percentagem de empresas industriais com P&D de caráter contínuo, em 2003, era de 49,2%.
7O número de pessoas em equivalência à dedicação plena é obtido a partir da soma do número de pessoas em dedicação exclusiva e do número de pessoas em dedicação parcial, ponderado pelo percentual médio de dedicação.
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